Valores: Honestidade, amizade e sinceridade
Idade: 47 anos
Naturalidade: Porto
Aliando a sua formação na área hoteleira às suas raízes que sempre a levaram a um gosto especial pelo que é "nosso", Maria decidiu criar o seu próprio negócio. Começou por procurar informação sobre agricultura biológica, tendo se dedicado à produção de produtos artesanais como compotas, chutneys, entre outros. Hoje, é a autenticidade que distingue o projeto Mary Ideas.
A ideia de criar uma actividade para mim surgiu após ter ficado desempregada aos 42 anos. Tenho o curso de Gestão e técnica Hoteleira, e até então tinha trabalhado quase sempre em Hotéis, e sempre na área de alojamento.
Após uns meses sem rumo e desiludida com a profissão, inscrevi-me num curso de formação no Instituto de Emprego (língua: Espanhol), daí segui para outra formação no Espaço T. Neste local e através da socióloga à frente do GIP, foi-me indicado uma formação subsidiada de empreendedorismo feminino, na empresa RRA, em Matosinhos. Com outra ideia de negócio entrei nesta formação, a meio do curso e após alguma informação sobre como gerir o próprio negócio, e tendo em conta os valores avultados necessários para fazer qualquer investimento, surgiu-me a ideia de aproveitar o que tenho, com o mínimo de custo possível! No decorrer do curso apercebi-me, que no final da formação, poderíamos elaborar um plano de negócios e ter ajuda a implementar um projeto próprio não só com um incentivo financeiro, mas também com o acompanhamento de profissionais.
Muitas vezes me questionei por que razão a agricultura estava tão abandonada em Portugal, intrigava-me ver tanta fruta a cair ao chão sem destino e ir ao supermercado comprar fruta ou legumes vindos de Espanha, França…. excepto portuguesa. Eu própria tinha fruta que apodrecia no chão sem destino.
Como gosto muito de cozinhar e em especial fazer doces, comecei a fazer compotas (com a dita fruta), não só para consumo próprio mas também para vender.
Comecei a procurar informação sobre agricultura, em especial agricultura biológica, pois este modo de produção identifica-se mais comigo, no respeito pelo ambiente e pela biodiversidade, bem como pela importância para a nossa saúde.
Fiz um curso de agricultura biológica na Lipor, pedi certificação a uma empresa de certificação biológica e comecei a produzir, pouca quantidade, pois o processo de certificação biológica demora 3 anos. Com a fruta fazia e faço compotas e outros produtos tais como chutneys e molhos. Sempre à procura de novas ideias e experimentando outras soluções.
Entretanto inscrevi-me como produtora PROVE e às segundas feiras distribuo cabazes hortofrutícolas em Barcelos.
Penso que o gosto pela cozinha seja talvez genético. As minhas bisavós, avós e mãe já tinham este gosto, aliado à minha formação hoteleira, que me deu a vertente e a informação mais profissional, me levou a colocar em prática de uma forma mais profissional aquilo que já fazia, pensando de uma forma mais comercial.
Os valores da agricultura biológica, são demasiado importantes para o futuro da Humanidade, para serem ignorados.: o respeito pelas espécies e pelo ciclo normal da natureza: o respeito pela biodiversidade; a importância da não utilização de pesticidas e adubos prejudicais à saúde humana.
A capacidade de fazer as coisas parte de cada um de nós e devemos procurar dentro de nós as respostas para o nosso futuro, é outro valor importante, que gostaria de transmitir através da 'Mary Ideas'
Onde é que vou buscar inspiração para as"Mary Ideas"? No meu conhecimento das coisas, em livros de receitas antigos e modernos e claro através da Internet.
Acho que a teoria base do projecto é a autenticidade daquilo que penso e acredito, aliado a uma imagem cuidada e apelativa dos produtos; depois de provarem então acredito que o conteúdo faz toda a diferença.Toda a imagem e comunicação é trabalhada pelo estúdio MPFXdesign.
Tenho aprendido ao longo deste tempo muito sobre agricultura e sobre o ciclo de vida das plantas, e que gostava muito de saber mais... E ainda sobre a conservação dos alimentos e a importância do HACCP, que nem sempre é fácil de implementar na sua totalidade, pois implica investimentos avultados.
Os portugueses não aderem muito ao chutneys, mas já há algumas pessoas que questionam e compram por acharem diferente. O que acontece é que depois de comprarem repetem e chegam a encomendar.
Portugal é um país com imensos produtos fabulosos e incomoda-me ter de comprar, por exemplo, amêndoa dos Estados Unidos, passas do Chile, figos da Turquia. Portugal é um país produtor de amêndoa, uvas, figos e muitos outros produtos que nós poderíamos produzir, pois temos a matéria prima e não temos o produto final em quantidade suficiente….
Devido à minha ligação familiar a Torre de Moncorvo, decidimos comercializar a amêndoa coberta desta localidade, pois é um produto muito bom e que neste momento é pouco conhecido.
Ainda em estudo e em fase de avaliação está claramente uma acção de Natal, já que é um dos pontos altos para este tipo de produto, mas também a participação em locais e ocasiões propícias a dar a provar, como pequenos mercados e outro tipo de acontecimentos, embora de forma programada e controlada. De uma forma mais virtual, ou seja através das redes sociais a empresa de comunicação que trabalha a marca assinala os dias comemorativos como um isco para a divulgação dos produtos e mantém um ritmo mais ou menos contínuo de publicações no blog e no facebook.
Tenho muitos clientes fiéis, e o feedback é bastante positivo, sinto algum reconhecimento no meu produto, claro que proporcional à minha dimensão!
Gostava de crescer e ter os meus produtos em mais locais. Na área agrícola do meu projecto preciso de crescer e consolidar.
Para quem pretende seguir um negócio deste tipo é preciso não esquecer que agricultura, é de facto uma área muito difícil em que é necessário investir muito dinheiro, para se ter algum proveito. As normas e regras a cumprir são muitas e dispendiosas e muitas vezes os proveitos não chegam para cobrir as despesas. Penso que os agricultores deviam trabalhar mais em parceria pois é muito difícil chegar à distribuição se não houver quantidade, os investimentos necessários são muito elevados para serem suportados só por uma pessoa.
Nesse sentido sugiro que consigam parceiros, para grandes investimentos e para ajudar no escoamento de produto. Para as compotas, e visto haver muita concorrência aconselho a ponderar e a analisar muito bem se o produto tem potencial para se diferenciar no mercado.
Photos © Mafalda Pessoa Jorge