Rita Alves voa, voa sem parar!


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Valores:​ ambição, honestidade, conhecimento.

Idade: 30

Naturalidade: África do Sul

O contato com a avicultura começou ainda em Portugal, mas foi no Reino Unido que Rita Alves, médica veterinária, aprofundou o seu conhecimento nesta área, uma especialização que lhe valeu um convite para seguir um negócio em nome próprio. Há mais de 3 anos que gere uma clínica e faz consultoria em avicultura. Adepta de "check-lists", confessa que "escrever os nossos desejos e ambições ajuda-nos a focar no que realmente queremos."

Ter o meu próprio negócio não estava nos meus planos, mas a oportunidade era única e eu sabia que a experiência de negócio abrir-me-ia as portas para o mundo de avicultura no Reino Unido. O risco foi grande e tive de fazer muitos sacrifícios no início.​

Tomar decisões sozinha e não ter ninguém a quem perguntar se estava a tomar a decisão correcta foi o mais dificil. O facto de ser relativamente jovem também teve os seus contras. No início, esforcei-me ao máximo para prestar os serviços técnicos aos clientes e com o tempo comecei a dedicar mais tempo à gestão da clínica. 

Tive de continuar em parte a filosofia da empresa, especialmente em prestar um serviço muito personalizado, mas tentei inovar ao nível da comunicação e da imagem da empresa (emailings, website, newsletters...). Mais informação e formação para o meus clientes tem sido uma aposta ganha. 

É verdade que a maioria dos criadores e veterinários que trabalham no sector da avicultura são homens, tanto em Portugal, como no Reino Unido. Mas se é se profissional e competente, isso é irrelevante. Tenho clientes que tinham um veterinário homem e que são meus clientes há mais de três anos.​​

Passar por várias áreas de veterinária, como a inspeção sanitária e clínica de pequenos animais, ajudou-me a confirmar que realmente queria trabalhar e especializar-me na área da avicultura.​​

Sou uma pessoa que gosta de fazer check-lists. Escrever os nossos desejos e ambições ajuda-nos a focar no que realmente queremos. ​​

Sendo este um negócio sazonal,  trabalho intensamente durante a época de criação e solta das aves; são poucos os dias de folga e não posso tirar férias. No Outono e no Inverno tento aproveitar o tempo não só para ir de férias, ver família e amigos como também para ir a alguns congressos e planear o ano seguinte. Quando se gosta do que se faz, não se sente muito a necessidade de ter férias.

No mundo das aves de caça, aprende-se a viver e a respeitar mais a Natureza. O cenário da caça é a Natureza, e ela depende das aves (do seu bem-estar e estado sanitário), dos campos de cereais, do estado do tempo... No Reino Unido soltam as aves um ou dois meses antes da época da caça para que elas sejam o mais "selvagem" possível. Isso exige muito trabalho.​

Aprendi nesta área que ser criador ou "game keeper" é um modo de vida, uma vez que trabalham longas horas e sempre no exterior. Tenho clientes de todas as idades e trabalhar com os mais velhos tem sido muito recompensador. Tenho aprendido muito com eles e fico fascinada como eles organizam o dia da caça, desde de escolhendo os melhores spots a gerir os "beaters" e caçadores. Passam de criadores a "managers".                  

Trabalhar com aves é um trabalho de persistência. São muitos os factores que se tentam controlar para se terem aves saudáveis. E em todas as criações tenta-se corrigir o que correu mal da última vez. A constante aprendizagem e vontade de melhorar em cada criação fascina-me.

O apoio das pessoas mais próximas na concretização dos nossos sonhos é fundamental. Desde do início que o meu parceiro tem me ajudado sempre.  O facto dele ser também veterinário permite-lhe facilmente compreender que os animais não escolhem o dia para ficarem doentes. ​​

Viver e trabalhar no campo permite-me viver marcadamente as estações do ano. O facto de não perder tempo no trânsito, tenho mais tempo para mim e para dedicar à clínica. ​

Na cultura inglesa, valoriza-se o "bom" trabalhador e a sua experiência.  Admiro ainda a flexibidade dos ingleses, no que se refere a mudarem de cidade para trabalharem.

Em Portugal tive oportunidade de trabalhar com uma equipa muito jovem e dedicada. Considero que é um país onde se  trabalha bem, mas nem sempre isso é reconhecido pela entidade patronal. Penso que se devia investir mais nas pessoas. 

Quando terminei o curso, voluntariei-me para fazer um estágio na área de segurança alimentar numa empresa portuguesa de avicultura. Acabei por conseguir um estágio profissional na área da produção animal, onde trabalhei durante um ano. A área da avicultura fascinou-me por ser uma área em constante desenvolvimento, que me permitia trabalhar em diferentes segmentos como a produção animal, segurança alimentar e, acima de tudo, trabalhar directamente com o criador.​

Aos veterinários que saem das faculdades em Portugal, aconselho a que tentem fazer vários estágios ou trabalho voluntário em áreas diferentes para realmente perceberem o que gostam e do que não gostam. Também, devem saber que hoje, mais do que nunca, é preciso ser versátil no trabalho e estar preparado para fazer trabalhos para os quais não estudaram...