Do outro lado do espelho... com Mafalda Branco

Valores: sensibilidade, respeito, ética, responsabilidade

Naturalidade: Coimbra

Idade: 32 anos

Foi 'Do outro lado do espelho' que Mafalda Branco encontrou o seu projeto de vida. Inspirada no mundo mágico de 'Alice no País das Maravilhas', co-criou novas motivações para professores e educadores e assumiu o coaching e a formação como ferramentas para gerar mudanças positivas e concentrar o foco nas soluções.  Formada em psicologia, acredita que por detrás de um espelho mágico novos 'Eus' são descobertos e novas realizações pessoais emergem.

Lembro-me de passar muito tempo sozinha na infância: a ler, a questionar-me sobre as coisas, sobre mim e sobre os outros, sobre o mundo. À medida que crescia, cada vez me fui questionando mais sobre quem era, o que queria, qual o meu papel no mundo e o que podia fazer para o tornar um bocadinho melhor. 

A minha forma de estar na minha tem sido sempre a questionar o óbvio. Superficialidade não é comigo! 

Quando comecei a trabalhar, na minha área de formação, a Psicologia, fui percebendo que as pessoas sentiam essa necessidade - questionarem-se, conhecerem-se melhor, descobrirem-se a si mesmas -, e assim fui começando a partilhar a minha forma de ver e estar até então que, não me tornava alguém assim tão diferente.

Da família herdei o valor do trabalho. Hoje sei que nada se consegue sem trabalho (muito trabalho), algo que naturalmente a determinada fase da vida não entendia. A verdade é que sinto que só mais tarde, por vezes muito mais tarde, entendemos o que a família nos transmitiu ao longo dos nossos anos de crescimento. O meu pai deixou-me o exemplo de como é importante cumprir horários e chegar sempre cedo. Hoje, cada vez que chego a um local onde vou desempenhar o meu projeto de vida sei que, graças a esta preciosa herança do meu pai posso respirar, olhar em volta e absorver o espaço, adequar-me, e fazer tudo com tempo e tranquilidade. 

Cedo aprendi o valor do silêncio, da quietude que se sente no outro que nos olha, do falar no momento certo e só e apenas quando é preciso. Parece algo banal, a que toda a gente abana a cabeça num "claro, sim, é fundamental" mas, na prática... O silêncio surge na nossa vida como "em vias de extinção" e é nesse momento quase sagrado que o coração fala e conseguimos atingir uma simbiose pura com o outro. 

Há dois anos reli os livros do Lewis Carrol e a verdade é que vi tudo de outra forma! "Do Outro Lado do Espelho" encontrei um novo eu, uma mulher e profissional que quer mais de si e do mundo. E passei a assumir este como a forma de apresentação deste novo mundo que descobri. A magia do País das Maravilhas reluz nos olhos de quem passa as linhas das histórias da Alice, do Coelho Branco, do Humpty-Dumpty, da Rainha de Copas... E, na verdade, todos podemos co-criar e recriar, e acreditar que nada é impossível. 

A minha escolha de vida, que passa de forma muito assumida por gerar motivações de vários tipos e feitios, por uma envolvente permanente com os outros e, mais formalmente, pelo coaching e a formação, é um desafio que faz com que todos os meus dias sejam diferentes. Viajo imenso, conheço caras novas a cada quilómetro, crio em mim própria uma elasticidade a todos os níveis que me faz ser mais adaptável, sem nunca perder o "Norte". 

A ideia geral que vinha tropeçando nos meus dias era de que tudo é fácil, de que a imediatez dos nossos objetivos é quase garantida, e de que só não muda quem não quer. Falar da vida, de anseios, de emoções, de metas, de realizações tem de ser gerido com "pinças". Porque, afinal de contas, é a razão de cada pessoa respirar, é a lufada de ar fresco de cada dia, é de "coisas do coração" que estamos a falar. Confrontarmo-nos com o nosso EU pode ser doloroso, mas ao mesmo tempo desafiante e até tornar-se um vício! É isto e muito mais que leva tantos de nós hoje a pegar facilmente o "bichinho" do desenvolvimento pessoal.

E, de repente... eu própria estava "Do outro lado do Espelho". As histórias da menina curiosa que ora estica ora encolhe, para quem tudo passa a ser possível, é um resgate da nossa própria identidade de crianças, de sonhadores, dos nossos olhos serem o nosso portal do mundo, do mundo em que escolhemos viver, contribuir, crescer. 

Coaching para professores? Sim. Coaching em contexto educacional? Faz todo o sentido. O meu produto é específico para ambiente educativo. Nas formações que tenho dado, nas escolas por onde tenho passado, nos olhos de quem lecciona dias e anos a fios perante meninos, adolescentes e graúdos que passam por uma vida enquanto professor, o coaching tem um lugar na enorme mala das ferramentas de quem representa a educação e a pedagogia. 

Curiosidade ou desconfiança. Estas são as duas atitudes mais comuns que encontro na postura das pessoas que contatam com o coaching pela primeira vez. Mas a curiosidade vence sempre! E é apenas delicioso observar cada ser interior a descobrir-se a ele mesmo... 

Comove-me sempre a forma como as pessoas acabam por se entregar aos processos, às vivências, às dinâmicas. Desbloqueados os anticorpos iniciais, todo um sem número de possibilidades se abre num verdadeiro local, momento, país... que pode bem ser o País das Maravilhas de cada um de nós. 

Atenção às pequeninas coisas da vida: é um click que procuro fazer despertar os sentidos das pessoas com quem trabalho. Os radares ativam-se, a mente expande-se e, surge, de fato, um novo mundo por detrás de um espelho mágico que pode não ser mais do que aquilo que realmente nos realiza e faz felizes. 

Sim, tive o sonho de mudar o mundo, como tantas outras pessoas, mas hoje sei que posso contribuir para que a vida de alguém seja melhor e, dessa forma, deixar cá uma marca positiva.

Sei que as pessoas mudam ou, pelo menos, ficam mais conscientes e atentas ao que as rodeia. Através d' "O outro lado do espelho" quero dar ainda mais foco positivo e nas soluções. Passo a passo, sei que todos chegamos lá. Cada um ao seu próprio ritmo, mas chegamos.  

Photos © True Colors Fotografia