Jacqueline Zammit – viver e trabalhar em família

Danielle e Jacqueline

Danielle e Jacqueline

Valores: dedicação, família, trabalho

Idade: 32 anos

Naturalidade: australiana

Os cafés sempre fizeram parte da sua vida. Cresceu no meio deles por causa dos pais, foi lá que trabalhou enquanto estudou e quis o destino que tivesse o seu próprio espaço, num típico bairro familiar de Sydney. O Sideways Deli Cafe é um projecto respeitado pela crítica e adorado pelo público. Hoje, Jacqueline sente-se uma mulher realizada a todos os níveis. Faz o que gosta, construiu uma família e é feliz.

Estudei comércio, com especialização em turismo, hotelaria e marketing. Quando terminei, trabalhei 3 anos em marketing. Era um emprego normal, de segunda a sexta-feira e horário fixo, mas não estava satisfeita e queria algo prático. A minha irmã mais nova estava prestes a concluir os estudos na mesma área e resolvemos trabalhar juntas. Não houve dúvidas quanto ao caminho a seguir: abrir o nosso próprio café. A oportunidade surgiu quando os nossos pais, que eram clientes do espaço, perguntaram ao antigo proprietário se estava interessado em vender. Em Agosto de 2007 abrimos as portas.

Eu e a Danielle, 3 anos mais nova, comprometemo-nos em manter a sociedade intacta por 5 anos. Era preciso assegurar a estabilidade e garantir que estávamos ambas empenhadas. Os primeiros tempos foram complicados. Eu tinha trabalhado em marketing, a minha irmã era recém-licenciada e não tínhamos experiência em gerir um café. Aprendemos todos os aspectos do negócio: fazer a contabilidade, tirar cafés, servir às mesas, lavar pratos, cozinhar. Se alguém faltasse, queríamos ter a certeza que podíamos substituir a pessoa sem stresses. Houve muito trabalho de bastidores e muitas horas de dedicação.

Criar a equipa certa não foi fácil. Foi preciso jogo de cintura para assegurar que todos estivessem satisfeitos. Sabíamos que um grupo unido e feliz, trabalharia mais e melhor. Era uma das prioridades e conseguimos.

Prestes a completar 7 anos em Agosto, o Sideways Deli Café é hoje um negócio de e em família, com sucesso. Há cerca de dois anos, quando fui mãe, o meu marido deixou a arquitectura para se juntar a nós. Agora é o responsável pela contabilidade, dá uma ajuda no atendimento aos clientes e revezamo-nos a tomar conta do bebé. Normalmente, eu venho de manhã e fico até ao início da tarde, ele vem depois. Os nossos pais também dão uma mão sempre que é preciso.

O nosso irmão mais novo trabalhava connosco mas quis crescer e ter o seu próprio espaço. Família é família, por isso eu e a Danielle fizemos sociedade com ele e adquirimos outro café aqui perto, o Envy Deli Cafe. Eles e o meu cunhado, que também deixou o emprego para se juntar a nós, são responsáveis pela gestão porque ainda é tudo novo e é necessário tempo para organizar e garantir a mesma qualidade. Mesmo assim ficámos surpreendidos com o êxito tão repentino. Fez-nos ver que gostam de nós e do nosso trabalho.  

O sucesso não vem facilmente. Quando começámos, ouviram-se vozes pessimistas. Muitas pessoas duvidaram de nós e das nossas capacidades para triunfar. Alguns fornecedores, clientes e críticos dirigiam-se aos funcionários homens a pensar que eram os donos ou responsáveis. Depois ficavam envergonhados quando os empregados lhes indicavam eu ou a minha irmã. Era engraçado de ver. Reflectia a sociedade e a mentalidade que ainda não olha para as mulheres como empresárias de sucesso.

Tanto eu como a Danielle, sempre acreditámos em nós e no nosso valor. Ainda hoje não usamos nenhuma identificação como ‘chefe’ porque não vemos a relevância disso. Os nossos clientes têm de tratar da mesma forma qualquer pessoa que os atende: eu, a minha irmã ou outro funcionário.

Não temos fins-de-semana, trabalhamos todos os dias, as férias e as folgas são difíceis de organizar. No entanto, adoro o que faço e não o trocaria por nada. Ver crescer a família, em casa e no trabalho, é uma sensação óptima. Investimos energia, tempo e dedicação para chegar aqui. Falo no plural porque sozinhas, eu e a minha irmã, nunca o teríamos conseguido e estamos gratas por toda a ajuda que tivemos. Todos os dias é preciso lutar para manter o equilíbrio e ser feliz. É precisamente isso que eu e ela fazemos.

@ copyright and images Cláudia Henriques [Sydney]