Valores: Educação, partilha, paixão
Idade: 34 anos
Naturalidade: Viana do Castelo
Saiu de Viana do Castelo para estudar no Porto. Partiu da cidade Invicta para conhecer o mundo e deixou a sua obra espalhada pelos quatro cantos. Seis anos volvidos, em 2013,Iva Viana regressou a casa para criar o seu atelier de escultura. A assumida ‘paixão pelo fazer à mão’ fazem desta escultora e estucadora uma artista portuguesa.
Depois de ter terminado o curso de escultura na Faculdade de Belas Artes do Porto, estive um ano a lecionar e no ano seguinte surgiu a oportunidade de trabalhar numa empresa francesa de gessos decorativos. Um pouco assustada porque tudo era novidade, aceitei a proposta e foi onde trabalhei durante 6 anos até me despedir e abrir o meu próprio atelier. Estes anos funcionaram como uma outra faculdade, com um curso mais técnico que me permitiu crescer e dominar nesta área, fazendo-me apaixonar totalmente pela arte do estuque.
Durante o tempo na empresa de gessos decorativos, aprendi imenso com homens ligados à arte do estuque. Foram anos de absorção. Mas como era uma empresa, no verdadeiro sentido da palavra, não me agradava a forma como funcionava. Após 6 anos, resolvi despedir-me e abrir o atelier em nome próprio para construir um espaço de criação e de valorização desta arte, despertando consciências para um passado que durante muito tempo foi ignorado e destruído.
A necessidade de ter o próprio espaço de trabalho, um atelier ou uma oficina, é uma constante para alguém que desenvolve uma atividade criativa. O que me demorou mais a arrancar foi a dificuldade em encontrar um espaço adequado às minhas necessidades, amplo, plano e acessível.
O Iva Viana – Atelier de Escultura divide-se principalmente em dois sectores. Na produção de peças encomendadas, personalizadas, em que o cliente acompanha o processo, e na produção de peças de autor, para venda por catálogo ou exposição. Há uma outra série de projectos que neste momento estão na gaveta, como dar formação na área do estuque e a criação de um arquivo de memória dedicado a esta arte.
Foi complicado arrancar com o projecto. Levei muito tempo. Após 3 anos na empresa, já pensava nisto, mas não foi fácil dar o salto, largar um emprego estável para o nada.
De início foi difícil comunicar: Como é algo novo, até eu tinha dificuldade em explicar o que fazia. Claro que a isto também está associado o preconceito de fazer decoração. Não posso esquecer que estudei numa Faculdade de Belas Artes e não numa faculdade de artes decorativas. A minha formatação era outra.
Viajar sempre fez parte e vai fazer sempre parte deste meu percurso. Na verdade eu trabalho a partir de Viana para todo o mundo. Estou neste momento a desenvolver um trabalho para França, outro para Singapura e ainda a preparar peças para serem vendidas na Austrália e no Brasil. Trabalhar em Viana permite-me uma qualidade de vida ideal para a produção artística e tudo é mais acessível, literalmente.
Acho que tanto os projectos de gesso decorativo como os pessoais me realizam. Sou muito de processo e desafios e o que me motiva é exactamente a nova proposta a realizar, quer seja pessoal ou uma encomenda. Esta é também uma das razões de nunca estar parada, porque quando não tenho encomendas estou a criar peças minhas.
Onde me inspiro? No rio, a remar. :D. A modalidade desportiva que pratico desde sempre.
Já posso dizer que tenho alguns trabalhos que me marcaram. Mas o mais recente e que ainda se encontra no atelier, acho que é o topo dos meus trabalhos. É uma moldura que criei para um cliente privado. Foi-me dado todo o tempo e isto faz toda a diferença no final do trabalho.
Para já, o restaurante Expositor, em Braga, e a Padaria Ribeiro, na Maia, são os espaços públicos com obras minhas, criadas para estes espaços. Também há espaços públicos com obras minhas que optaram por peças de catálogo, como o Bar Porta 93, em Viana do Castelo, ou o Restaurante Arcoense, em Braga. Depois há peças minhas à venda em Viana do Castelo, na Objectos Misturados; no Porto: na CRU, loja/Cowork e Loja de Serralves; em Guimarães, Centro de Artes e ofícios Sr Aninhas; e em Lisboa: Puracal, LxFactory.
Realizada? Muito! Mas quero mais, por isso procurei conhecer o Geoffrey Preston, em Novembro. Um escultor inglês incrível que trabalha o gesso como ninguém. Assim que soube que ele ia inaugurar uma exposição em Inglaterra e que ia estar lá para apresentar, comprei logo o bilhete de avião. Consegui falar com ele e apresentar-lhe o meu trabalho e aqui surgiu a proposta de trabalharmos juntos. Isto foi terminar 2014 em grande. Acredito que tenho de estar perto destas pessoas para crescer na minha área.
Futuro? Construir o meu próprio atelier e viajar muito.



