Valores: determinação, dinamismo, sensibilidade
Naturalidade: Colômbia
Idades: 51 e 40 anos
Naturais da Colômbia, Elena Bautista Cely e Maria Paola Duarte trouxeram para terras lusas o artesanato do seu país de origem, numa perspetiva de multiculturalidade e de promoção de sinergias entre “os seus dois países". Defendem o comércio justo para as suas vidas e para o sucesso do artesanato típico, revelando que são as mulheres "a cabeça da tradição" na Colômbia.
O sentimento de responsabilidade social e a missão última de promover o comércio justo são, da mesma forma, propósitos maiores que estiveram na base de criação do Artesano. Porque só assim nos faz sentido, porque acreditamos num mundo global, partilhado, onde raças e culturas se misturam, fundem, trocam valores e rumam em conjunto para um bem comum.
Paixão pelo património do nosso país: esta é a verdadeira e mais genuína razão do surgimento de um projeto que viria a ter um nome, uma identidade, e envolver como tanto desejámos, imensos artesãos Colombianos.
O Artesano oferece uma grande variedade de produtos representativos da cultura colombiana, de alta qualidade, com um grau de inovação e diferenciação, e tudo baseado numa gama de matérias primas naturais. Tudo é trabalhado à mão, com versatilidade e que hoje vemos evoluir esta dedicação ao nível de qualidade e desenho, o que nos deixa muito satisfeitas.
Os produtos colombianos têm, de fato, vindo a incorporar-se no trabalho de designers de talha internacional, e para nós é um orgulho natural de quem respira o seu país de origem, e tudo o que lhe diz respeito.
A nossa terra oferece uma quantidade inumerável de produtos naturais e que se encontram ao alcance de todos: lã, bambu, couro, tagua, totumo, madeira, fibras, argila e... por aí fora.
Avançámos juntas após alguns anos de trabalho "cada uma para seu lado", enveredando pelos aspetos da cultura colombiana que mais nos atraiam individualmente. Estivemos em feiras, participámos em certames, trouxemos aos portugueses o que de melhor extraímos da Colômbia.
Juntar as nossas experiências e saberes fez com que descobríssemos princípios em comum, ideias que poderiam vir a ter mais sucesso juntas e... aconteceu! Confluíamos no que consideramos ser hoje o núcleo da nossa iniciativa, que passa muito pelo trabalho duro, com foco e qualidade em cada fase.
O trabalho que já tínhamos desenvolvido em áreas como a logística, comércio exterior, as cooperativas de mulheres colombianas, as comunidades de artesãos indígenas ou, simplesmente, o interesse de uma vida ligada umbilicalmente aos artesãos em geral, fez-nos agarrar este projeto e fazer dele a nossa missão de vida, pessoal e profissional.
Em momento algum deixámos de ser mulheres (muito!) ativas na comunidade Colombiana em Portugal, que foi crescendo espontaneamente, e nos deu ainda mais energias para lançarmos o Artesano. A vaga de compatriotas nossas que todos os anos cá chega dá-nos alento e supera ainda mais a nossa expetativa de ter criado um projeto sustentável e alicerçado, que tem público-alvo, seja ele português ou tenha já algum tipo de ligação à América Latina.
Viajar frequentemente e manter contato permanente com o país que o nosso projeto representa é um elemento chave no Artesano. Só assim trabalhamos a sensibilidade local, o valor dos objetos, os sentimentos de partilha de uma cultura própria, por isso mantemo-nos em sinergias com diferentes comunidades e regiões colombianas.
As mulheres são "a cabeça da tradição" na Colômbia. Mulheres, velhas, jovens, casadas, solteiras, divorciadas, emigrantes, com filhos ou sem eles, organizadas ou não em associações e cooperativas. Quase todas são oriundas das comunidades de camponesas, indígenas ou afro-descendentes.
Elas guardam nas suas mãos segredos ancestrais que passam de geração em geração, e que o Artesano respeita e traz para Portugal. Elas vivem de coração a origem e a arte de produzirem pelas simples, mas únicas numa cultura, que marcam e fazem a diferença. Nem sempre valorizadas e com falta de conhecimento dos apoios para impulsionar os seus saberes e artefatos, algumas vão esquecendo os trabalhos que outrora as mantinha motivadas.
Para a filigrana, cestaria, cerâmica, talha em madeira, lãs, tecidos e outros, a ampla diversidade de produtos artesanais Colombianos só nos faz sentido por via do comércio direto e justo. E é isso mesmo que promovemos em Portugal, por todos os sítios onde pronunciamos o nome "Artesano" , a sua missão, objetivos...
A sensibilidade humana, a sabedoria cultural, e a calidez manifestam-se quer em nós, quer nas mulheres pelo seu respeito e convivência directa com a natureza, numa relação de equilíbrio com a riqueza do legado ancestral.
Queremos cada vez mais dar a conhecer, difundir e compartilhar este legado ancestral pois muitas técnicas são uma tradição e herança das diferentes culturas indígenas e afro- descendentes, que habitaram e ainda habitam nas diversas zonas Colombianas. Por serem a maioria mulheres artesãs cabeças de família, que lutam dia a dia com amor e tenacidade, para poder sustentar e apoiar suas famílias, por tudo isto e muito mais, nos identificamos com suas necessidades e interesses e queremos partilhar suas histórias de vida.
Entendemos estas mulheres que produzem artesanato colombiano como empreendedoras natas, sem o saberem, pois revelam-se um exemplo de determinação e de inspiração de tantas outras. Queremos partilhar os seus valores apoiando-as, impulsando a promoção e a comercialização de suas artesanais. Vamos estar sempre a contribuir para a melhoria da qualidade de vida delas. E essa já está a ser uma experiência muito gratificante.
Portugal é o país onde actualmente estamos vivendo, que nos acolheu de portas abertas, onde temos nossos filhos a estudar, onde devemos prosseguir o nosso caminho profissional. Ante a falta de trabalho nas nossas áreas específicas, devemos procurar outras alternativas. Portanto, e apesar das atuais circunstancias sócio-económicas do país,
acreditamos ser o ponto de partida ideal para implementar esta iniciativa
de negocio empreendedor.
Adicionalmente, as relações diplomáticas, comerciais e culturais entre Portugal e a Colômbia estão a passar por um momento de expansão e crescimento recíproco interessante. A abertura bilateral esta que facilitará o conhecimento, interesse e criação de pequenas e grandes empresas.
Saudamos e apoiamos com alegria a criação da câmara de comércio Luso-Colombiana e a Colombo-Portuguesa que com certeza ofereceram uma plataforma para impulsar e apoiar os pequenos e grandes negócios entre os dois países. Igualmente contamos com a assessora de "Proexport Colômbia".
Paralelamente também queremos levar uma amostra do artesanato Português, muito apreciado já na Colômbia. Pois sempre que viajamos a nosso país, não podemos esquecer nunca as lembranças Portuguesas para amigos e familiares, pelo menos! Por tanto verificamos os interesses recíprocos e tem surgido até a necessidade de fazer estudos de marketing pertinentes.
O nosso projeto é um convite permanente aos Portugueses para conhecer a Colômbia, e vice-versa. O que será muito fácil a partir de Julho tivermos voos diretos de Lisboa para Bogotá!
Vamos dedicar-nos à promoção não só da cultura artesanal Colombiana, como o turismo das diferentes regiões, cada uma com suas particularidades, na música, gastronomia, belezas naturais, e alegria contagiaste de suas gentes.
Adicionalmente existe um distorção inevitável em termos de imagem da Colômbia que gostaríamos que mudasse. A divulgação dos media, como todos sabemos, nem sempre mostra as noticias das coisas positivas dos nossos países, relacionadas com a cultura, desporto e educação.
Estamos conscientes de que os cidadãos Colombianos, que moram fora do nosso pais, têm a responsabilidade de mostrar e falar na Colômbia. Somos todos embaixadores e ninguém melhor para divulgá-lo e da melhor forma, mostrando as suas riquezas culturais e belezas naturais : Colômbia e paixão!
A importância dos laços familiares, como núcleo da sociedade, o orgulho nacional, a alegria e a calidez que nos caracteriza, onde quer que estejamos são as mais valias da nossa identidade colombiana que levamos atrás.
Aprendemos muito com o sentido empreendedor dos Portugueses na busca de novos horizontes, vem desde a época dos descobrimentos. Por isso saíram e conquistaram deixando seu legado em muitos países. A curiosidade e empenho em procura de novas coisas, levam os portugueses de hoje a sair da zona de conforto para empreender novos horizontes e projetos. Isso também nos motiva.
Ainda este ano queremos lançar o Artesano na Casa da América Latina, continuar a abrir mercados para os produtos e estar em todo o lado com o artesanato colombiano. E, claro, cimentar o Comércio Justo que é parte fundamental da nossa iniciativa. Sentimos uma grande responsabilidade social e por isso procuramos, na medida do possível, contribuir com o progresso dos diversos grupos o colectivos de artesãos. Escolhendo e selecionando com critérios de qualidade os produtos. O comercio justo, no meio destes modelos económicos que tem gerado tantas desigualdades, é uma alternativa ética, imprescindível, sustentável que permite um melhor desenvolvimento e equidade social.
Photos © Neuza Ferreira