Valores: Seguir o que nos diz o coração, amar o próximo e ser audaz
Idade: 37 anos
Naturalidade: Lisboa
Cedo conheceu o mundo, apesar de ter nascido em Lisboa. Desfilou nas passerelles da moda, estudou publicidade e acabou rendida à cerâmica. A paixão pela arte do barro falou mais alto e hoje dedica-se a ela (quase) a cem por cento. É que pelo caminho foi mãe de 3 crianças, o papel principal na sua vida.
Nasci em Lisboa em 1978. Frequentei o curso superior de publicidade até perceber que a minha paixão era a cerâmica. Desde sempre que as viagens tiveram um papel preponderante na minha vida. Não só por ter passado grandes temporadas na Suécia, mas porque trabalhei mais do que 10 anos como modelo, o que me levou a viver em vários países. Desde que terminei o curso de cerâmica na ARCO, tenho participado em diversas exposições e acontecimentos de cerâmica a nível nacional e internacional. Tomei definitivamente a decisão de fazer da cerâmica a minha vida. Entretanto fui mãe de três lindos filhos, o que fez com que o desafio de conjugar a vida profissional com a familiar fosse maior. Mas eu gosto de desafios!
No fundo, a Anna Westerlund handmade ceramics nasceu da necessidade de me organizar e criar uma estrutura para que a cerâmica pudesse ser um projecto cada vez mais sólido e coerente. O facto de criar duas colecções por ano ajudou-me a organizar o trabalho e toda a produção, de forma a tornar sustentável a minha decisão de viver da cerâmica.
Na verdade o meu caminho é mais inverso. Começou na prática e a dada altura tive que parar para teorizar. Tendo em conta que no imediato fazia e só depois via ser era viável e se fazia sentido. A prática levou-me a perceber que de vez em quando é importante teorizar, para parar, pensar, organizar e planear.
Por ano são lançadas duas colecções que acompanham um pouco o mood das estações do ano. O objectivo é que a produção destas peças seja cada vez mais autónoma e por isso não trabalho sozinha no atelier. Cada vez concentro-me mais num trabalho de autor e de criação de peças únicas, além dos inúmeros projectos e parcerias que vão surgindo.
Começar? Foi um parto difícil mas mais no sentido de perceber como poderia tornar tudo isto viável do ponto de vista financeiro. Não me sinto nem uma artista (no sentido do trabalho solitário e que eventualmente vende o seu trabalho caríssimo), nem totalmente uma ceramista pois não considero que faço artesanato a 100%. Por isso, tive primeiro de perceber o que queria, como o poderia fazer, qual é que era o caminho que queria percorrer. Neste momento estou feliz com as minhas escolhas. Liberta de rótulos e a caminhar de encontro aos objectivos que tracei para mim.
Maiores dificuldades? Por mais estranho que pareça o maior desafio foi organizar-me. Admitir para mim mesma que para funcionar, uma parte disto tinha de ser encarada como um negócio. Claro que sem nunca esquecer que a Anna Westerlund ceramics não é só ‘uma marca’, sou eu. O principal objectivo é crescer sem nunca perder a minha essência e os valores em que acredito.
É um projecto a tempo inteiro. Não só tendo em conta as horas que trabalho, como o facto de a minha cabeça nunca desligar.
Viver só por si inspira-me! Porque estamos rodeados de tanta coisa bela. Inspira-me a natureza, a dança, o teatro, a pintura, cheiros e cores, as surpresas dos meus filhos, conversas com os meus amigos... A inspiração vem de todos os lados se tivermos os olhos sempre bem abertos.
Na verdade, cada vez que alguém compra uma peça minha o meu coração sorri, fico genuinamente feliz. Mas não seria sincera se não dissesse que houve momentos que me deixaram particularmente orgulhosa, como a exposição de design português na loja do MOMA em Nova Iorque. Cada vez mais ter lojas a nível Internacional interessadas no meu trabalho. Os vários trabalhos que tenho desenvolvido com designers que admiro imenso, como a Gracinha Viterbo ou a Lígia Casanova. Entre muitas outras parcerias e projectos que me deixam a flutuar nas nuvens.
As peças podem ser adquiridas em várias lojas, a nível nacional, internacional e no mundo virtual.
A receptividade, felizmente, tem sido muito boa. É engraçado que a maior parte das vezes que recebo uma encomenda de alguém, as pessoas têm a simpatia de falar um pouco do meu trabalho e como gostam dele. Acho que ninguém tem noção mas chego a ficar emocionada com algumas palavras
Próximo passo? É nunca dar um passo maior do que a perna, é continuar a crescer devagarinho como tem sido até agora. Gostava também de lançar outros produtos sem ser só em cerâmica. Tive o privilégio de trabalhar junto com a OMNIA. Desenvolvemos juntas uma colecção de Verão de joalharia e adorei. Gostava cada vez mais de abraçar novos desafios em outras áreas sem ser só na cerâmica.
Sou uma pessoa muito exigente comigo própria. Acho sempre que podia ter feito melhor por isso não me permito sentir cem por cento realizada, para que continue sempre a tentar fazer melhor.
Quanto muito posso assumir-me como uma empreendedora trapalhona, pois o lado mais estratégico inerente a um empreendedor passa-me um pouco a lado. Vou fazendo e aprendo muito à custa dos meus erros.
Peça favorita? É a peça que ainda não fiz. É sempre a próxima pelo desafio que me traz.
Mãe, esposa, dona de casa e profissional? Não é nada fácil e é um desafio enorme, mas eu sou uma sortuda pois conto com muitas ajudas, de outra forma seria muito difícil. Eu tenho prioridades para não dar em doida, nem me sentir frustrada (e mesmo assim é difícil). Sinto-me muitas vezes doida e frustrada. :-) Primeiro estão os meus filhos e o Pedro, depois o trabalho e depois eu. Tendo em conta que o eu tem direito a algum tempo de antena, faço dança e ginástica, janto com amigas, tento ler, vou ao cabeleireiro de dois em dois meses, essas coisas que me ajudam a não dar em doida! :-)