Valores: Determinação, Perfeccionismo, Criatividade
Idade: 27 anos
Naturalidade: Matosinhos
A natureza é a grande inspiração de Joana Ribeiro, que através das suas jóias tenta evidenciar sobretudo a textura dos materiais. "Todas as peças pretendem dar a curiosidade de serem tocadas", refere a criadora que hoje colecciona vários prémios na área da joalharia e design de produto.
Desde que me conheço que tenho paixão por cor, tintas, recortes e tudo o que são trabalhos manuais. Em pequena adorava colorir as paredes de casa e oferecer desenhos a quem mais gostava. Foi sempre notório no meu crescimento que iria optar por algo ligado às artes no meu futuro. Na adolescência gostava de me vestir de forma mais irreverente e criava os meus próprios acessórios, sobretudo as minhas bijuterias. Aos 16 anos já as vendia através de um blog e em feiras de artesanato. A minha primeira paixão, nessa idade, era a moda mas depois de um curso de Verão no CITEX percebi que não era esse o futuro que eu queria seguir. Na altura de escolher um curso optei por Design de Joalharia e até hoje não me arrependo de ter seguido essa paixão.
A natureza é uma inspiração muito utilizada na joalharia, sobretudo em jóias mais antigas que remontam a tempos da monarquia. Com a minha colecção pretendo mostrar a minha interpretação da natureza, nunca esquecendo o que já foi desenvolvido para trás. Nas minhas jóias é dada grande importância às texturas. Todas as jóias pretendem dar a curiosidade de serem tocadas.
O que nunca esqueço numa jóia é a sua capacidade de ser usada por qualquer mulher. Com a experiência que vou tendo, tento procuro sempre criar jóias que transmitam esse toque e forma da natureza, mas que sejam possíveis de ser usadas no dia-a-dia de qualquer mulher.
O meu percurso tem sido de constante aprendizagem com os erros e também com as vitórias. Sempre fui uma pessoa de objectivos vincados e com um espírito individualista. A criação da minha marca fez me crescer e aprender a calcular as minhas estratégias e a não ser tão impulsiva e emotiva. Há meses em que faço uma análise do que foi feito para trás e o que eu poderia ter feito melhor. Procuro sempre superar-me.
Este ano tenho conciliado o meu trabalho como designer com outros part-times. É desta forma que vou conseguindo investimentos e melhorias no meu trabalho de forma a que ele se torne cada vez mais o meu único rendimento. No entanto, todos sabemos que o mundo das artes e do design em Portugal é complicado e, por vezes, desleal.
Com a abertura do meu atelier na Incubadora de Matosinhos, passo as minhas manhãs lá a responder a pedidos de clientes e encomendas de lojas. Não estou constantemente a criar jóias novas, procura fazê-lo em determinadas etapas do ano ou quando tenho alguma jóia personalizada que me é encomendada.
Há dias em que me questiono imenso se estarei a progredir e se toda esta luta vale a pena. O que mais me custa nesta área é a cópia, seja do meu trabalho ou do de outros. Custa-me ver marcas que vivem de visitarem feiras e copiarem aquilo que acham que devem copiar, sem consequências.
Tento sempre lutar pelo meu espaço e conseguir as coisas com o meu suor. Tenho objectivos vincados para o futuro e é com base neles que vou lutando cada dia que passa. Procuro diferenciar-me tendo uma marca com uma identidade própria e claro, estando sempre atenda ao que a concorrência faz, 90% das vezes para não tomar passos que se assemelhem.
Ter prémios não muda a ideia do consumidor português, sobretudo se forem prémios nacionais. Para mim serviram mais como fonte de auto-confiança e de convicção em criar a minha marca própria. Quando terminei o meu curso percebi que a perspectiva de trabalho era bastante reduzida e por isso fui procurar tudo o que me poderia ajudar. Foi então que participei no primeiro concurso, o Jovens Criadores’09 que soube que venci na categoria de Joalharia em Setembro de 2009 quando ingressei no Mestrado de Design de Produto. A partir daí, com a força desse reconhecimento, fui criando mais peças que completassem a minha colecção de 8 anéis.
O prémio que mais visibilidade mediática me deu foi o 3º prémio no concurso VIPJóias 2010 na categoria de Inovação. Esse abriu-me, de certa forma, as portas para os media fazendo com que o meu trabalho começasse a ser mais divulgado por revistas nacionais. Com essa projecção e após ter estagiado numa empresa de filigrana portuguesa e ter percebido que as empresas não contratam designers para as suas empresas… decidi criar a minha marca e registá-la em Setembro de 2010.
Além das publicações internacionais em livros como o 500Rings da Larkbook ou o anuário Jewelbook 2012/13, foi com muito orgulho que em Agosto do ano passado recebi um novo destaque internacional: um stand gratuito na feira TENDENCE em Frankfurt. Estar incluída num grupo de 30 joalheiros provenientes de países como a Rússia, a China ou França, aumentou não só a minha carteira de clientes, mas a minha motivação para continuar estes difícil percurso.
Tenho as minhas em jóias em lojas do Porto e Lisboa em Portugal. Neste momento estou a apostar bastante na internacionalização. Em Moçambique tenho um ponto de venda, assim como em Barcelona e Amesterdão.
A gestão do negócio não é fácil, muito menos quando o publico português ingere marcas tão poderosas na área do marketing como é a Pandora. É impossível concorrer com essas marcas, mas espero um dia ter o meu espaço num shopping em que as pessoas perguntem onde fica a loja da minha marca.
É graças às minhas clientes que faço 5 anos de marca este ano! São elas que muitas vezes comprando as jóias online, sem nunca as terem experimentado, que fazem com que esta marca vá crescendo e ampliando. Adoro receber emails com o feedback das jóias, sobretudo quando me dizem que são ainda mais bonitas do que esperavam!
Ao longo do tempo fui aperfeiçoando as minhas peças ao dia-a-dia das mulheres. Percebi que há pessoas mais críticas quanto ao uso do que eu. No inicio tinha pessoas que me diziam que as minhas jóias só davam para usar quando iam a uma festa e que por isso não as compravam. Tentei aperfeiçoá-las ao uso diário e criei colecções mais praticas e fáceis de usar quando se arruma uma cozinha ou se vai trabalhar. Mas procuro nunca perder o meu lado artístico e diferenciador.
Ter agora o meu próprio ateliê é sobretudo um sonho tornado realidade! Depois de ter trabalhado mais de um ano em co-working percebi que precisava do meu próprio espaço e de ter as minhas máquinas. Estive em casa alguns meses até encontrar o espaço que realmente correspondia ao que idealizei. Sinto-me muito grata pela organização da incubadora de Matosinhos ter-me seleccionado. É agora, no Mercado Municipal de Matosinhos, que se situa o meu espaço. Lá desenho, produzo e vendo as minhas jóias.
De momento estou a lançar a colecção Lilium composta por bandoletes, anéis e brincos. Existe uma versão em prata oxidada com pérolas e outra mais elegante com tons de prata polida e banho de ouro amarelo.Esta colecção pretende ser mais delicada e minimalista dando destaque à forma delicada de uma casca de sementes.
2015 está a ser um ano de progresso. Estou a preparar um passo alto na minha marca/carreira que, caso os planos corram como pretendo, no inicio do próximo ano será divulgado. Num futuro mais próximo, irei abrir a minha loja online onde facilmente poderão comprar e receber as minhas jóias em qualquer parte do mundo.
Photos © Pedro Couto